Por Jonara Gonçalves
Já reparou como sempre "damos o nosso pior" pra ajudar? Quando fazemos um pouco além do "limite" (por nós estabelecido) e cremos que já está "mais ou menos bom" nos sentimos o máximo! Inclusive há àqueles que pensam que não se pode ajudar muito mesmo, porque senão "fulano" acostuma, ou senão "beltrano" não dá valor nas coisas. Queremos satisfazer-nos com esse "dom" de querer ensinar na marra às pessoas a darem valor nas coisas com nossa mísera ajuda.
Quando separamos roupas pra doar, são elas as mais velhas, do tempo da vovó ou furadinhas. Sapatos então nem se fala! São àqueles com a sola descolada, sem palmilha, com o salto todo arranhado e/ou sem cadarço. Com todo este "amor" pela obra social, ainda dizemos: - Só tem que consertar aqui, acolá, ali, etc. Não temos a capacidade de comprar um sapato novo, uma blusa nova ou doar algo literalmente novo para os que necessitam.
Nós somos egoístas! Cristãos com vendas nos olhos. Tão preocupados com nosso dia-à-dia que mal vemos aquele mendigo na porta de nosso trabalho. Não vemos aquela criança vendendo bala no semáforo e se por um acaso vemos, fechamos o vidro e fazemos e comentamos: "Vê se isso tem idade pra trabalhar"!
Somos mesquinhos, reclamamos de nosso presente, mas não fizemos nada no passado que nos garantisse um bom presente, e se continuarmos assim podemos ter certeza de que o futuro não será diferente.
A bíblia nos ensina a "fazer aos demais tudo aquilo que queríamos que fizessem por nós". Não é o que eles nos fazem, e sim o "que quereis" que vos façam. Sabe aquele presente que você gostaria de ganhar? Então, exatamente isso! Conceder à alguém a felicidade de "ganhar" aquilo que sonhou, desejou e planejou ter.
Vemos uma pessoa necessitada e logo pensamos, "a igreja deveria ajudar"! Literalmente ( irresponsavelmente) nos excluímos do corpo de Cristo, da igreja do Senhor, e falamos como uma terceira pessoa, totalmente alheia àquele diálogo. Mas devemos ter cuidado, pois quem atua assim acaba se tornando um peso morto, uma perna quebrada, um braço ferido, um olho de vidro no corpo de Cristo.
Somos uma geração egoísta, mesquinha, pobre de humildade e rica em soberba e orgulho. Estou certa de que alguns crentes poderiam atravessar um rio à nado com um sonrisal na mão, e chegar do outro lado com o comprimido intacto. Engraçado? Nem tanto; seria cômico se não fosse trágico. Evangélicos que gastam com "marcha de Gezuz", com shows, compram bíblias de R$ 900,00, um DVD e/ou cd de R$25,00 e doam "lixo" aos necessitados.
Deus é mesmo onisciente e já havia previsto que a misericórdia dEle se renovaria sobre nós a cada manhã, porque somos sempre negligentes com nossa própria família, com a sociedade e principalmente com o corpo de Cristo.
Mas não precisa ser assim. Não tem que ser assim. Um mundo melhor, depende de nós!
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Jonara Gonçalves é missionária, educadora cristã e responsável pelo PEPE La Buena Tierra em Piura, Peru - Projeto social que oferece alimentação e alfabetização à crianças de 4 e 5 anos.
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