janeiro 06, 2010

Humanos, sem virtude e sem glória


Por Leonardo Gonçalves

Toda glória humana é intrépida, violenta, desumanizante. Isso acontece porque não fomos criados para obter glórias, mas para glorificar. As palavras do doutor dos gentios são contundentes: “somos feitura Sua, criados para o louvor da sua glória”.

Nossa humanidade não é uma condição de exaltação, mas de humildade. Aliás, a própria palavra humano provém de “húmus”, que significa solo, terra... chão. Desta mesma raiz também provém a palavra humildade. A meta-narrativa [1] diz que o primeiro homem veio do pó. E de fato, reconhecemos que ao morrer, nada levamos deste mundo. “Voltamos ao pó”, disse o sábio rei de Israel.

Por esta razão, insisto em que não há nenhuma glória ou virtude, exceto em receber glória e virtude daquele que nos formou. O Filho de Deus foi glorificado junto ao Pai, e compartilhou desta glória com os homens.

Esta glória concedida por Deus, ao invés de exaltar-nos, nos faz humildes. Aqueles que realmente entendem o que está envolvido nesta glorificação são quebrantados, humilhados em seu ego ao ponto de encontrar seu maior prazer em servir aquele que lhe atribuiu glória gratuita.

O escritor C.S. Lewis descreve compara esta glorificação com a coroação de uma jovem rainha:

“O peso daquela enorme coroa sobre a jovem e pequenina cabeça torna-se m símbolo da situação da própria humanidade [...] É como se ele dissesse: “Em meu inexorável amor, vou colocar sobre o pó que você é, glórias, perigos e responsabilidades além da sua compreensão”. [2]

Concluo reconhecendo que somente a compreensão desta glória, pode salvar os homens de si mesmos. Sem esta apreensão humilde, o homem se enche de altanaria e subjuga seus iguais. Ao compreendê-la, no entanto, o “ser” é domado pelo Soberano Senhor, a vontade amansada, e exultamos no privilégio de ser simplesmente doulos [3].



***
Postou Leonardo Gonçalves, no Púlpito Cristão




Notas:

1. Na filosofia e na teoria da cultura, uma metanarrativa é toda história que se julga capaz de explicar todo o conhecimento existente ou capaz de representar uma verdade absoluta sobre o universo.

2. LEWIS, C.S. Carta a uma senhora americana. São Paulo: Ed. Vida, pág 24

3. No grego, escravo (lit). W.E. Vine define como “aquele que se dá a vontade de outro”. A palavra é utilizada pelo apóstolo Paulo para referir-se a si próprio em Romanos 1.1

Um comentário:

Luís disse...

Olá Jonara!
Parabéns pelo blog, esta uma benção ja estou seguindo.
Que Deus continue usando vc e sua família na obra missionária.
Aproveito para divulgar o meu blog http://wwwadoradoresemverdade.blogspot.com/ quando puder faça uma visita.
Deus Abençoe vocês fiquem na Paz.