novembro 02, 2009

Uma vida Despedaçada

"Um coração quebrantado e uma vida oprimida" Sl34.18



Sentimos o coração quebrantado quando alguém rompe um relacionamento conosco, e o espírito oprimido resulta da dor de causar um rompimento, quer seja com Deus quer seja com alguém que amamos muito.

A pessoa que sente o coração quebrantado é, em certo aspecto, "vítima" de atitudes intencionais ou não de alguém. O coração quebrantado pode ser resultado de abandono, rejeição, de opressão, de abuso ou até de morte. Não importa qual seja a causa, a pessoa se sente arrasada, como se sua vida tivesse sido despedaçada. A partir disso, costumam surgir outras três reaçõeS:

Medo...

Solidão...

Desespero...

De certa forma, o coração quebrantado é sinônimo de "espírito quebrantado", quando se perde a vontade de viver, de amar e de confiar. quantos de nós já não perdemos alguém que amavamos muito simplesmente por ser diferente, por ter outras escolhas?

Eu já e você?

Uma das atribuições mais importantes do Messias, à qual Jesus dedicou-se seriamente era curar os quebrantados de coração (Lc 4.18, Is 61.1-3). Jesus abordou de maneira bastante específica, em muitas ocasiões, a natureza de um coração quebrantado. Ele lidou com o medo, a rejeição a sensação de isolamento, o desespero e a perda de vontade. (Mc 5.36), (Jo 14.1 e 16).

Uma pessoa de coração quebrantado é curado quando escolhe novamente crer, "acreditar que sobreviverá", acreditar que vai amar de novo, acreditar que Deus tem um plano e um propósito futuros para sua vida e acreditar que Deus estará sempre ao seu lado, até nos momentos mais sombrios de sua dor e sofrimento. Ao aceitar plenamente a promesa de Cristo Jesus de curar seu coração quebrantado, esta encontrará forças para estender a mão para outros, certa de que Deus ainda tem "algo novo" para ela.

"E oferecer-me-eis como sacrifício um coração quebrantado e um espírito contrito. E todo aquele que a mim vier com um coração quebrantado, (...) eu batizarei com fogo e com o Espírito Santo” (3 Néfi 9:19–20).

O que são um coração quebrantado e um espírito contrito? E por que isso é considerado um sacrifício?

Assim como em todas as coisas, a vida do Salvador nos oferece o exemplo perfeito: embora fosse inteiramente isento de pecados, Jesus de Nazaré viveu com um coração quebrantado e um espírito contrito, conforme manifestado por Sua submissão à vontade do Pai. “Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou” (João 6:38).
Para Seus discípulos, Ele disse: “Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração” (Mateus 11:29). E quando chegou o momento de realizar o sacrifício final, que fazia parte essencial da Expiação, Cristo não Se recusou a tomar da taça amarga, mas submeteu-Se completamente à vontade de Seu Pai.

A perfeita submissão do Salvador ao Pai Eterno é a própria essência de um coração quebrantado e um espírito contrito. O exemplo de Cristo nos ensina que um coração quebrantado é um atributo eterno da divindade. Quando nosso coração está quebrantado, estamos completamente receptivos ao Espírito de Deus e reconhecemos nossa dependência Dele em tudo o que temos e somos. O sacrifício necessário para isso é o sacrifício do orgulho em todas as suas formas. Como a argila maleável nas mãos de um oleiro habilidoso, o coração quebrantado pode ser moldado nas mãos do Mestre.

Um coração quebrantado e um espírito contrito são também pré-requisitos para o arrependimento...
“Portanto a redenção nos vem por intermédio do Santo Messias (...).
Eis que ele se oferece em sacrifício pelo pecado, cumprindo, assim, todos os requisitos da lei para todos os quebrantados de coração e contritos de espírito; e para ninguém mais podem todos os requisitos da lei ser cumpridos” (2 Néfi 2:6–7).

Quando pecamos e desejamos o perdão, um coração quebrantado e um espírito contrito significam sentir a “tristeza segundo Deus” que “opera [o] arrependimento” (II Coríntios 7:10). Isso acontece quando nosso desejo de ser purificados do pecado é tão ardente, que nosso coração dói de tristeza e ansiamos sentir-nos em paz com nosso Pai Celestial.
Aqueles que têm o coração quebrantado e o espírito contrito estão dispostos a cumprir toda e qualquer coisa que Deus lhes pedir, sem resistência ou ressentimento. Paramos de fazer as coisas à nossa maneira e aprendemos a fazê-las à maneira de Deus. Nesse estado de submissão, a Expiação pode tornar-se eficaz e o verdadeiro arrependimento pode ocorrer.

Sentirá, então, o poder santificador do Espírito Santo, que o encherá pela paz de consciência e de alegria pela reconciliação com Deus. Em uma maravilhosa união de atributos divinos, o mesmo Deus que nos ensina a viver com um coração quebrantado, convida-nos a regozijar-nos e a ter bom ânimo.

Depois que recebemos o perdão dos pecados, um coração quebrantado serve como escudo divino contra a tentação. Néfi orou: “Que as portas do inferno estejam constantemente fechadas diante de mim, porque meu coração está quebrantado e contrito o meu espírito!” (2 Néfi 4:32.) O rei Benjamim ensinou a seu povo que, se eles vivessem na mais profunda humildade, poderiam regozijar-se para sempre, “[estando] cheios do amor de Deus e [conservando] sempre a remissão [dos] (...) pecados” (Mosias 4:12). Quando entregamos o coração ao Senhor, as tentações do mundo simplesmente perdem o brilho.

Há outra dimensão do coração quebrantado, que é a nossa profunda gratidão pelo sofrimento de Cristo por nós. No Getsêmani, o Salvador “desceu abaixo de todas as coisas” (D&C 88:6), ao tomar sobre Si o fardo dos pecados de cada ser humano. No Calvário, Ele “derramou a sua alma na morte” (Isaías 53:12), e Seu grandioso coração foi literalmente quebrantado com pleno amor pelos filhos de Deus. Quando nos lembramos do Salvador e de Seu sofrimento, nosso coração também se quebranta de gratidão pelo Ungido.

Quando sacrificamos tudo o que temos e tudo o que somos por Ele, o Senhor enche nosso coração de paz. Ele “[restaura] os contritos de coração” (Isaías 61:1) e agracia nossa vida com o amor de Deus, “que é mais doce que tudo que é doce (...) e mais puro que tudo que é puro” (Alma 32:42). Disso testifico, em nome de Jesus Cristo. Amém!


POr: Daniela Pires
Fonte de auxilio: Élder Bruce D. Porter; Via Adna Jovem

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