outubro 25, 2009

Coragem para ser


Ser quem nós realmente somos talvez seja o nosso maior desafio na caminhada da vida. Isso porque esta decisão pode implicar em desagradar outras pessoas (ou pelo menos não agradar a todas), desapontar aqueles que criam certas expectativas em relação a nós, decepcionar os que nos admiram tendo apenas uma visão parcial daquilo que somos ou até mesmo nos conhecendo somente pela aparência.

Assim sendo, não são todos que possuem coragem para assumir sua própria e verdadeira personalidade. Alguns escolhem esconder-se atrás de uma personagem, uma fantasia pública que oculta uma série de aspectos intrínsecos à identidade pessoal. São estes os hipócritas, os mentirosos, os artistas da vida real.

Conheço muitos mentirosos, até mesmo tenho alguns amigos que, eu bem sei, mentem muito a respeito de si mesmos. São o tipo de gente que chamamos de “contadores de vantagem”, em tudo se dão bem, sempre possuem uma faceta extraordinária para contar; existem também os que se anulam totalmente para esconder características e fatos, em suas opiniões, vergonhosos ou desapontadores. Não raras pessoas vivem disso, enganando aos outros e a si mesmas. Porque é isso que a mentira é: a ilusão da auto-enganação.

O grande problema não percebido pelos mentirosos de carteirinha é que uma das pistas para a felicidade é justamente ser que nós somos na essência. Não importa a situação financeira, o status quo, ou qualquer outra coisa. Ainda que queiramos modificar algo em nós mesmos – não há problema nisso –, a melhor trilha a percorrer é a que reconhece e dá a conhecer aos outros quem somos no momento em que o somos.

Representar uma personagem por muito tempo sufoca. É um fardo inútil e castigador, e isso qualquer um que já abandonou suas máscaras pode confirmar. Isto se deve ao fato que, quando deixamos a essência e vivemos pela superficialidade das máscaras, deixamos a liberdade do “eu” para servirmos ao um outro “eu” – avassalador, exigente e cruel.

Infelizmente, ao longo dos meus dias, tenho podido conhecer a vida de muitos amigos e irmãos, muitos deles sufocados em suas fantasias públicas, mentirosas. Posso atestar que sofrem, e sofrem porque, no caso deles, muitas das vezes é realmente duro ter que assumir quem são. Mesmo assim, sempre procuro encorajar para que vivam em honestidade para com eles mesmos e para com os seus chegados.

Particularmente, a cada dia encontro mais liberdade, ao passo que vou me libertando de máscaras simplórias, que nada dizem de verdade ao meu respeito. Encontro-me cada vez mais livre, ao passo que deixo de lado minhas próprias defesas e o peso do desejo de ter que agradar sempre, ou convencer sempre, ou não decepcionar sempre...

Assumir-se a si mesmo é tarefa custosa, é desafio perene, é nadar quase sempre contra a maré, e só toma tal decisão quem já se tornou maduro em sua humanidade. Estamos em processo de constante evolução pessoal, a maturidade é nosso alvo! Só quem caminha ao seu encontro (da maturidade) caminha ao encontro de si próprio, confirmando sua consciência e adquirindo forças para voar mais alto.

Os imaturos, esses, sim, estão perdidos na multidão, visto que estão perdidos em relação a si próprios, alienaram-se a ponto de não saber mais quem são.

É preciso coragem para ser, contudo quem já a possui está na via certa, e, sem dúvidas, está próximo de encontrar a liberdade e satisfação pessoal.

“Ser ou não ser, eis aí a questão...” Só consegue ser quem na verdade é o que é!

Fonte: Visão Integral

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